Wayne de Gotham


Saudações nobres, 
É com imensa honra que anuncio a primeira crítica do Duque. Assim como o Lorde, espero que o nobre permaneça por muito tempo no Castelo (literalmente). 


Livro: Wayne de Gotham
Autor: Tracy Hickman
Editora Leya
Sinopse
Por trás de toda máscara existe um homem de verdade. Ainda criança, Bruce Wayne testemunha o assassinato dos pais – e o mistério sobre o motivo o impulsiona a fazer uma busca pelo seu passado. É quando descobre um diário secreto de seu pai Thomas, um médico rebelde que parece finalmente revelar o seu lado obscuro. Sua identidade é seriamente abalada quando um convidado levanta, inesperadamente, questões sobre o evento que acabou com a vida de sua amada mãe e seu admirável pai – caso que provocou para sempre sua vontade insaciável de proteção e vingança. Para descobrir a história real da família, Batman precisa confrontar o antigo inimigo, como o perverso Coringa, seu próprio mordomo Alfred, além do passado que assombra o Asilo Arkham, para assumir o novo fardo de um legado sombrio. Muito mais próximo dos filmes de Burton e Christopher Nolan e das HQs de Frank Miller do que dos seriados de TV dos anos 1960. Um olhar imaginativo sobre o lado humano do icônico super-herói criado por Bob Kane. TRACY R. HICKMAN é um autor mais conhecido por seu trabalho com Margaret Weis em "Dragonlance". Também escreveu a trilogia Darksword, o Death Gate Cycle, e a trilogia Sovereign Stone e atuou como designer de RPG's para a TSR, Inc.
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Wayne de Gotham – Tracy Hickman – Editora Leya – 270p

Spoiler: Bruce Wayne na verdade é o Batman.


Resolvi começar minha participação no Blog com um livro que envolve uma das minhas personagens favoritas: o Batman. Inicialmente, peço perdão pelo “spoiler” acima. Não pretendo incluir nas críticas alguma informação que estragaria a surpresa dos leitores dos livros criticados, mas não poderia mais viver segurando a informação de que dois dos protagonistas do livro, Bruce Wayne e Batman, eram a mesma pessoa desde o início.

“Por trás de toda máscara existe um homem de verdade”


Deixando as brincadeiras de lado (naturalmente, a obra não tenta fazer qualquer mistério com a identidade do justiceiro), vamos ao livro. “Wayne de Gotham”, como o próprio nome sugere, é um livro de ficção que se passa no universo de Batman. Apesar de o nome também sugerir, é surpreendente que a história se foca principalmente em Bruce e Thomas Wayne, não necessariamente no Homem Morcego. No entanto, tal fato não é capaz de diminuir o interesse conquistado do leitor.

O autor Tracy Hickman demonstra um excelente conhecimento sobre o universo e a personagem Batman, capaz de satisfazer mesmo alguns fãs mais rigorosos. A obra apresenta algumas referências que são realmente espetaculares, como o primeiro carro a ser transformado em “Batmóvel”, segundo lembranças de Bruce no livro, ser um modelo Lincoln Futura (Batman se recorda de ter transformado tal carro em um “Batmóvel” apenas pela nostalgia, pois o Lincoln Futura teria sido o primeiro carro de Thomas Wayne). Para aqueles que não são especialistas em encontrar referências, Lincoln Futura foi o modelo de carro utilizado para o “Batmóvel” do seriado “Batman” de 1966-68, com o saudoso Adam West no papel principal, e para o filme Batman, de 1966, com o mesmo elenco. Locais clássicos como o Asilo Arkham são importantes e bem descritos, com toda uma explicação histórica de como o local se tornou o que hoje conhecemos. Há participação de alguns vilões clássicos do herói, algumas divertidas e grandiosas, com narrativa de como ele se tornou aquele vilão, outras um pouco mais simples. Tais fatos também demonstram conhecimento mais aprofundado do autor sobre alguns dessas personagens antagonistas (como o livro envolve uma grande investigação, não anteciparei qual o grande vilão da história). A obra consegue dar grande brilho e boas explicações de alguns vilões conhecidos, do passado do herói, dos utensílios do herói como os “Batmóveis” e as “Bat-roupas”, e de locais icônicos do universo como a Mansão Wayne, a “Batcaverna” e o Asilo Arkham. Certamente é uma leitura bem agradável para quem gosta da personagem.

O enredo se passa em dois momentos históricos distintos da Cidade de Gotham: em 2011-2012, “os dias atuais”, seguindo a perspectiva de um Bruce Wayne de quase meia idade, já por volta dos seus 40 anos, sem o vigor físico com o qual seu alter ego conquistou fama. Não me entendam mal, Bruce Wayne continua atlético, só não é mais o suficiente para sair durante a noite para distribuir pancadas em mafiosos e supervilões, com o peso da idade. Por outro lado, continua a ser o melhor investigador do mundo, gênio e perito em todas as espécies de artes marciais. Com sua genialidade (e dinheiro aparentemente ilimitado), passou a desenvolver tecnologia para sua “Bat-roupa” (Batsuit, no original) compensar a natural perda de vigor físico. Nesse momento histórico, vemos Bruce e o Batman investigando uma onda de crimes que assolou Gotham City, aparentemente envolvendo uma mente brilhante que controla cidadãos comuns (ou não tão comuns assim) da cidade, utilizando-se de alguma espécie de indução/inserção de pensamento ou criação de falsa memória. Essas investigações o levam a descobrir acontecimentos da vida de seus então jovens pais em 1957-1958, que está intimamente ligada com os fatos do presente.

“Martha podia falar com ele, pensou Thomas, mas nunca o veria como alguém além do garoto boquiaberto da casa ao lado que era um bom amigo...”

O segundo momento histórico, portanto, como não poderia deixar de ser, é em 1957-58, seguindo a perspectiva de um jovem e recém-formado Thomas Wayne, que acabara de retornar para a cidade depois de se graduar em Medicina. O enredo mostra aos leitores a relação conturbada de Thomas com seu pai, o seu relacionamento com Martha Kane (que apenas o considerava um bom amigo, mas sabemos que é com quem viria a se casar) e, principalmente, o início da carreira de médico, como residente de um preceptor estrangeiro (autor uma pesquisa brilhante) e, enfim, dono da Wayne Enterprises. 

A forma que a narrativa encontrou de entrelaçar dois momentos históricos distintos é leve. Pode parecer incômodo ler sobre uma época e, no capítulo seguinte (ou mesmo dentro de um capítulo), a história saltar/retroceder cerca de 50 anos, mas não é. Ainda que inicialmente as histórias não pareçam entrelaçadas, os dois núcleos narrativos são coerentes, leves e instigantes. Tanto interessa saber onde as investigações de Bruce/Batman vão chegar, quanto interessa ler sobre a juventude do homem que o criou. O enredo prende o leitor do início ao final e, ainda que inicialmente seja frustrante querer saber o que acontecia em 1957 e a narrativa mudar a época do enredo, é bem comum ler desesperadamente para voltar ao passado, ou ler desesperadamente para conseguir chegar ao ponto em que as histórias convergem. E elas convergem de maneira natural o suficiente para que o leitor entenda tudo como uma só história.

“Bruce até mesmo se divertia com o jogo, de tempos em tempos aparecendo com uma máscara de látex que fizera para si mesmo, curvado em uma cadeira de rodas...”

Pessoalmente, não gosto tanto da versão de Bruce Wayne que foi trazida pelo livro. O Bilionário se isola do mundo completamente (há mais de uma década), fora das notícias da cidade, recluso em sua mansão isolada da cidade, para poder se dedicar exclusivamente ao alter-ego Batman, deixando parecer para o mundo que Bruce é um homem que definhou e precisa, inclusive, de cadeira de rodas para sua locomoção, enquanto deixa o controle da Wayne Enterprises com seu braço direito Alfred e o CEO Lucius Fox. É apenas meu gosto pessoal, mas considero mais interessante a forma como “Batman se disfarça de Bruce Wayne”, fingindo ser um bilionário playboy disposto a comprar coisas que não estão à venda, sair com mulheres famosas e aparecer na lista de notícias. Gosto mais da ideia de Bruce Wayne, “o príncipe de Gotham”, ser um disfarce do Cavaleiro das Trevas, como tradicionalmente Bruce Wayne/Batman costuma a ser reproduzido. “Wayne de Gotham” acaba mostrando Bruce como um peso para ser disfarçado, que o Batman tenta, cada vez mais, afastar da cidade. Ninguém em Gotham vê Bruce, ou sabe como ele é de fato. Também não me agrada que a relação entre Bruce e Alfred seja retratada enfraquecida. São gostos pessoais de alguém que é alucinado pela personagem desde que se entende por gente, talvez irrelevante para a maioria dos leitores.

A narrativa focada em Thomas e Bruce Wayne (o órfão bilionário, não mitológico Batman) é interessante. O enredo prende, a história é cativante e o suspense faz o leitor devorar o livro rapidamente. Como ponto baixo, entretanto, a história tem um final relativamente previsível para seu suspense e torna a tentar fazer mistério e reescrever detalhes sobre a morte de Thomas e Martha Wayne, enredo já bem saturado dentro do universo Batman. Em geral, é um livro cativante, bem escrito, de leitura fácil, desenvolvimento rápido, com bom suspense, apesar de um final previsível, e boas cenas de ação.


Leve este post a outro reino:

4 comentários:

  1. Alexandre21/9/17 10:30

    Mas que resenha bem escrita. O menino vestido de Batman na última foto é lindo.

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    1. Saudações nobre,

      Sou - totalmente - obrigada a concordar com vossa afirmação.


      A Rainha agradece a vossa visita!
      Demore o quanto quiser, serás sempre bem-vindo.
      Att
      Ana P. Maia ♛

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  2. Eu fiquei louca pelo livro agora!! Menina acredita que falei pra minha mãe oque disse na resenha e ela ficou "AONDE ESSA MENINA MORA QUE ESTOU INDO EMPRESTAR O LIVRO DELA! OU ROUBAR MESMO" kkkkkkk ela é obcecada por Batman. Muito boa a resenha, e quero muito agora esse livro.

    Ai Ana, queria me desculpar pela minha péssima frequência aqui, tanto aqui quanto no Império está complicado com a faculdade mas quando venho perco horas aqui <3 Está precisando de twitter do blog pra eu ficar te marcando lá, comentando suas resenhas haha. Bom final de semana.

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    1. Obrigado, Isabella.

      Sim, o livro é muito bom. Imagino que sua mãe iria gostar. =)

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