Música em Crônica: Felina

Saudações nobres,

Que tipo de idealizadora atrasa a própria postagem de um projeto? Pois bem, eis a Rainha aqui, mais de uma semana atrasada na sua postagem do #MúsicaemCrônica

Felina, foi baseada na música de mesmo nome da banda Selvagens à Procura de Lei








Felina

Seus olhos semi cerrados espiam a escuridão do quarto. O cabelo desce em cascata até a beirada do colchão. Estranho aquele quarto. Não tinha visto nada daquilo quando entrou aos beijos com o garoto poucas horas antes. O tal garoto, jazia profundamente adormecido com marcas de unhas pelas costas e braços. Felina.
E aquela nem era a primeira vez que estava ali. Parece que alguns acessórios nas paredes mudaram, talvez alguns cd's a mais ou algo assim. Não tinha muita certeza. Não era uma dessas pessoas que ficam muito tempo em qualquer lugar.

Mas aquele vai e vem entre ela e o garoto já durava consideravelmente. 
Estava na hora de ir.

Ele acordou sozinho, para não variar. A garota nunca estava lá quando ele despertava depois da noite agitada, a pele ardia nos locais em que suas garras traçaram desenhos abstratos. Sentia-se um tanto culpado ao constatar ser apenas um dos seus artefatos de estimação. Era praticamente um escravo: faria qualquer coisa que ela quisesse, era uma presa no seu alçapão. Felina, decididamente felina. Cabelos escuros, pela alva e olhos bem delineados: basicamente um oásis de riscos. Ele deveria se acostumar com esse vai e vem ou simplesmente deixá-la ir de vez. Seria uma pena se ele não fosse capaz de escapar daquela manha. 
Um dia, ele abordou sobre a possibilidade de certa estabilidade. A resposta foi uma risada sonora e debochada, ela se escondeu naquele momento ironicamente doloroso e pronto. Não saiu mais daquele abismo escuro. Não foi porém, capaz de tratá-la com frieza, já esperava a ferida causada por aquela língua felina.

Eis que dessa vez, havia um bilhete sobre o travesseiro, numa caligrafia rebuscada e fina: "Era uma vez, não vai mais voltar. É pena que nem por nós dois tempo vai esperar."

Lá se tinha ido a felina, porque dele, ela nunca foi. E dificilmente seria de alguém.



Leve este post a outro reino:

2 comentários:

  1. Uau! Que incrível.
    Selvagens à Procura de Lei? Felina? Qual será o motivo de eu não estar surpresa? hahaha

    Atrasar, quem nunca? Atrasou, mas fez algo digno de rainha.

    Beijos Ana.

    Blog Okay - http://goo.gl/543XMQ

    ResponderExcluir
  2. Nunca ouvi muito Selvagens à Procura da Lei, mas adorei a melodia de Felina. A arte de atrasar quem não domina??
    Adorei o texto e a aparência da Felina!

    http://deiumjeito.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir